Dia do Meio Ambiente deve ser todo dia!

*Luiz Fernando Leal Padulla

 

Não é fácil. Mas é necessário. Na verdade, é urgente. Mais do que educar e falar sobre o DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE (comemorado dia 05 de junho), temos o dever de conscientizar nossos alunos. E como disse, não é fácil!

Nessa semana, aproveitei três situações para abordar – uma vez mais – a temática em sala de aula, enfatizando a palavra do momento: sustentabilidade.

Estava lecionando para alunos do Ensino Médio no dia do meio ambiente e apresentei-lhes o documentário “Mudança de clima, mudança de vidas”, justamente para perceberem o quanto nossas atitudes influenciam diretamente nosso planeta, em especial no aquecimento global e suas relações diretas e indiretas (Ainda que de 2006, mostra-se bastante atual e de grande valia para a educação).

Em uma das salas, eles também haviam assistido ao filme “Diamantes de sangue”, que aborda toda a exploração que há por trás da busca por pedras preciosas em países africanos, em atendimento ao mercado elitista.

Dias antes, também havia lido uma postagem nas redes sociais sobre o tal “sal rosa do Himalaia”, cujo modismo faz pessoas consumirem e pagarem absurdos por um sal cujos benefícios são contestados. E pior: poucos sabem como se dá o processo de exploração dele – e das pessoas!

Pois bem. Ao instigar os alunos com essas colocações, pudemos abrir um debate interessante e pertinente. Quando são provocados pela ideia de que o consumo de cada um tem um papel significativo na poluição e emissão de poluentes, que contribuem para o aquecimento global, por exemplo, muitos parecem receber um choque de realidade.

(Infelizmente, como reflexo de nossa sociedade egocêntrica e doente, nem todos deram a devida atenção que poderiam. Mas como disse ao final em cada uma das salas, essa é nossa função: jogar sementes em diversos lugares, na certeza de que frutos prósperos vingarão e gerarão outros mais).

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Quando abordo com eles os riscos dos grandes latifúndios, em contrapartida à agricultura familiar, desmistificando o preconceituoso rótulo de “baderneiros e de marginais” que muitos trazem em relação ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e aos próprios indígenas, seus olhos se abrem e percebem que a realidade é outra – além daquela propagada pela mídia convencional e seus meios de comunicação.

Quando percebem que o agronegócio destrói o ambiente por conta da produção massiva, sob a falácia de que “é preciso produzir mais”, mesmo havendo alimento sendo jogado fora por conta dos baixos preços de mercado, passam a compreender o que defendemos.

Quando apresentamos fatos que subsidiam a crítica ao “capitalismo selvagem”, passam a admitir que o sistema está errado, e que pensar pelos outros é nossa única salvação. Mostrando que a exploração em demasia do ambiente, sufocando-o com produtos químicos, emissão de mais e mais poluentes, visando o lucro acima de qualquer coisa, essa geração parece começar a entender o que é ser humano.

Mais do que mostrar essa realidade boicotada, devemos fazê-los pensar sobre o consumismo. Será mesmo que precisamos deste produto? Qual o dano ecológico que sua produção gerou? Que tipo de produto devo escolher? Será que o mais barato é o mais justo? Quem está por trás dessa produção?

O bombardeio de informações para que comprem cada vez mais, vangloriando a tal lógica capitalista, é condenável. E só poderá ser combatido com informação.

E isso não é doutrinação.

É a mais sincera e honesta forma de educação. Afinal, educar é ensinar acima de tudo como ser um verdadeiro cidadão. Educar é conscientizar sobre a sustentabilidade e seus três pilares: o respeito ao ambiente, a justiça social e a questão econômica.

Sendo assim, o meio ambiente não deve ter um único dia de lembrança, mas deve ser vivido e cuidado diuturnamente, mostrando a cada pessoa que não somos donos de nada. Somos parte do todo.

 

*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação.

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