A feminização da humanidade: um alerta!

*Por Luiz Fernando Leal Padulla

É sabido que hoje muita coisa mudou. Não me refiro apenas às mudanças estruturais das cidades, ou nos modelos de carros e suas tecnologias. Mas ao ser humano. Evolutivamente falando, adaptações não ocorrem de uma hora para outra. Carecem de várias gerações e mudanças genéticas aleatórias, que capacitam ou não certos organismos à uma melhor adaptação sob determinada condição ambiental. De maneira bem simples e pragmática, tomemos nossa espécie como exemplo: os seres humanos que possuíam uma camada de gordura abaixo da pele, foram selecionados ao longo de gerações pois conseguiram sobreviver à falta de comida em períodos de escassez, há milhares de anos (hoje, infelizmente, ainda carregamos essa memória de DNA, que nos torna obesos pelo excesso de comida e pouco consumo dessas mesmas calorias!).

Pois bem.

E o que tudo isso tem a ver com o título deste artigo? Justamente a evolução, iniciada pela coragem de Lamarck e aprimorada por Darwin e Wallace, cujas teorias foram lapidadas pela Genética.

Pela visão da Biologia, a reprodução sexuada (proporcionada por gametas masculinos e femininos – espermatozoides e ovócitos) é a maneira mais eficiente de se obter maior variabilidade genética – garantindo, portanto, a formação de indivíduos que não sejam idênticos entre si, o que permite a sobrevivência da espécie quando há uma pressão ambiental. Simplificando novamente: se o ambiente é muito frio, favorece a sobrevivência de humanos com maior quantidade de pelo, por exemplo; caso a temperatura se eleve nos anos seguintes, indivíduos que tiverem menos pelos, serão mais favorecidos e, portanto, sobreviveriam mais facilmente e poderia se reproduzir.

Hoje vivemos momentos distintos, que chegam, a princípio, a contrariar essa máxima biológica: casamentos homossexuais. Não vou, neste espaço, defender ou criticar. Tenho minha opinião a respeito, mas não é o momento de expô-la aqui. O que pretendo, é que sejamos críticos (sempre!) e analisemos essa situação cotidiana com um olhar diferente – o que pode, inclusive, mudar seu julgamento.

17ª edição da Parada do Orgulho GLBT
Brasil, São Paulo, SP, 02/06/2013. Crédito: Evelson de Freitas

Pesquisas comprovam que a exposição de crianças e adolescentes aos estímulos sexuais e à erotização (como novelas, filmes, músicas e programas abusivos como os tais “reality shows”), aceleram o processo de amadurecimento das mesmas. E aí encontramos o primeiro problema: corpos amadurecidos sexualmente, mas com o psicológico ainda imaturo. Justamente nesta fase de descobertas, o sexo não foge à regra. E com essa curiosidade, as experiências heterossexuais…e homossexuais. Não é de hoje que temos esses relacionamentos, ainda que “escondidos no armário” pela imposição social. Hoje, graças a maior liberdade que temos, casais homossexuais podem se assumir publicamente, incluindo o casamento civil em muitos países – ainda sob olhares desconfiados e preconceituosos.

Curiosamente, muito se fala (e se julga!), mas pouco se conhece a respeito da homossexualidade. Até hoje ninguém conseguiu explicar se é desencadeado por um fator puramente genético ou comportamental. Geneticamente, há indícios de indivíduos ou populações mais tendenciosas a tal comportamento, mas sem uma conclusão definitiva.

Outras descobertas mais concretas são unânimes ao constatarem a influência dos produtos químicos na manipulação do comportamento sexual dos seres vivos. Sejam agrotóxicos que consumimos diariamente em nossos alimentos, ou até mesmo o uso cada vez maior de anticoncepcionais, que ao serem excretados pela urina, ainda permanecem no ambiente, contaminando, por exemplo, a água que será posteriormente consumida.

Diversos trabalhos mostram que as águas estão cada vez mais impregnadas com produtos químicos que afetam diretamente a vida aquática e seus consumidores. Peixes e anfíbios são altamente sensíveis ao contato com essas substâncias. Vários estudos mostram alterações morfofisiológicas, incluído a feminização de peixes machos, alterando seu sistema reprodutivo. Machos e fêmeas, quando expostos a tais químicos, podem perder inclusive a capacidade de reprodução, causando impactos ambientais significatrivos. E o problema não para por aí: estudos realizados pelo Instituto Armand Frappier, mostraram que tais hormônios se bioacumulam, ou seja, ao longo da cadeia alimentar, vão sendo passados de um animal para outro. Assim, por exemplo, quando uma ave ou humano come um peixe contaminado, irá se contaminar também.

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Crédito: diariodebiologia.com

Não seria essa uma pista importante para justificarmos os crescentes números de pessoas assumidamente homossexuais? Talvez quantificar tudo isso, para tornar “cientificamente correto” um estudo não seja algo muito simples de se fazer. No entanto, a presença da sexualidade cada vez mais cedo na vida dessas crianças, associadas à contaminação ambiental, não deixam dúvida do que nós estamos fazendo com a humanidade.

Pensando ainda sob a lente evolutiva da biologia reprodutiva, outro ingrediente importante entre nesse jogo: a poluição do ar. Estudos da USP e da Fiocruz relataram o efeito da própria poluição atmosférica e de agrotóxicos lançados em lavouras – e consequentemente ingeridos pelas pessoas de forma indireta – na produção direta de espermatozoides que carregam o cromossomo responsável pela determinação do sexo feminino (cromossomo Y). Ou seja, além dos fatores já citados, os chamados desreguladores endócrinos presentes na poluição reduzem o número de nascimento de homens.

Mais uma vez, todas as ações que estamos promovendo na natureza, têm o seu preço. Às grandes corporações que nos adoecem e nos curam com seus remédios, não interessa esse tipo de estudo e divulgação. O dinheiro, o lucro e a ganância do sistema capitalista sempre fala mais alto. Pouco importa se gerações estejam sendo afetadas por incidências cada vez maiores de tumores e doenças, ou que abelhas e borboletas estejam desaparecendo do planeta pelo uso de seus “defensivos” químicos. Não estão nem aí com a extinção de anfíbios pelas águas contaminadas. E por que estariam se importando por uma mudança comportamental dos seres humanos?

A homofobia deve sim ser combatida – como todo e qualquer preconceito. Mas nestes casos em específico, a questão talvez não seja o julgamento da homossexualidade em si. O aspecto principal a que todos deveriam se importar é com a poluição ambiental, que a cada dia se mostra como um verdadeiro agente de seleção natural da espécie humana.

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Crédito: centralsul.org

Em tempo: outros animais não humanos, como golfinhos, cachorros e até outros primatas, apresentam esse comportamento de interesse pelo mesmo sexo. Como já disse, sob um aspecto puramente biológico, é considerado um comportamento desvirtuado, sem função lógica para a reprodução. No entanto, apesar de reprodutivamente inviável, o comportamento homossexual apresenta sim suas vantagens evolutivas, conforme trabalho de Nathan Bailey e Marlene Zuk no periódico “Trends in Ecology and Evolution”, em 2010. Pássaros, por exemplo, se unem em casais lésbicos que podem durar a vida inteira para criar os filhotes, principalmente quando há baixo número de machos, garantindo maior sobrevivência dos filhotes. Macacos optam por sexo homossexual para ter maior interação social. Golfinhos apresentam o comportamento para manter maior aliança e laços sociais mais fortes, evitando conflitos. Machos de guepardo adotam filhotes perdidos e órfãos e os criam juntos. Para não ficarem sozinhos, pinguins-rei da Antártida têm relações entre o mesmo sexo.

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Várias espécies de animais apresentam comportamento homossexual, como os bonobos, albatrozes, elefantes, pinguins

 

 

*Biólogo e professor, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências

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