O Brasil desMOROnou, mas a justiça voltou!

Por Luiz Fernando Leal Padulla*

Desde as revoltas de junho de 2013, pelos tais 20 centavos, o Brasil passou por uma revolução burra e usurpada pela direita fascista. Afinal, foram nessas mobilizações que pregaram a antipolítica, destilando o ódio aos políticos, em especial aos de esquerda.

E isso permitiu não apenas a desmoralização dos partidos e políticos, mas a ascensão da extrema-direita, cujo resultado todos sabemos.

Hoje, junho de 2023, com as recentes declarações do “espião infiltrado” Tony Garcia e, finalmente, a voz ouvida do advogado Tacla Duran, que expõem todas as mazelas e arbitrariedades da tal Lava Jato, sinto um grande alívio por desde sempre ter lutado do lado certo.

No entanto, pagamos um preço caro. Eu, por exemplo, fui perseguido na cidade, ameaçado, e pressionado por pais de alunos para os quais lecionava Biologia. E depois de 10 anos neste colégio (católico!), fui demitido sem que houvesse, nesses anos todos, qualquer reclamação sobre o aspecto pedagógico.

Outros tantos foram vítimas diretamente, como os camaradas José Dirceu, Henrique Pizzolato, Paulo Okamotto, José Genoíno, assim como Antonio Palocci, Léo Pinheiro, Marcelo Odebrecht e, claro, Dilma Rousseff e nosso presidente Lula – que ficou enclausurado de forma injusta por 580 dias na República de Curitiba, berço da Farsa Jato.

A cassação de Dallagnol foi só o início da correção jurídica de tantos abusos – e, como sempre ocorrem com os golpes, com as digitais imperialistas dos EUA, do capital estrangeiro e em atendimento à burguesia rentista nacional. O falso herói Sérgio Moro, junto dos comparsas do TRF-4 e demais golpistas, serão os próximos.

(Tic-Tac…Tic-Tony…Tic-Tacla…)

Já dizia uma canção: “o tempo é rei”. E hoje mostra a verdade, revelando que a Lava Jato atuou como uma verdadeira organização criminosa.

Afinal, quando se achava que a obtusidade de tal operação não se sustentava apenas pelos conluios irregulares entre um juiz (sic) e procuradores e pelas faltas de provas e delações forçadas, eis que surge um submundo ainda mais bizarro, envolvendo “festas da cueca”, chantagens, extorsões, criando fatos inverídicos e prevaricação, em especial ao TRF-4 e seus capangas.

Dando nome aos bois que terão seus nomes marcados pelos crimes contra o Brasil: Carlos Lima, Roberson Henrique Pozzobon, Gabriela Hardt, Orlando Martello, Diogo Castor de Mattos, Marcelo Malucelli, João Eduardo Barreto Malucelli, Thompson Flores Lenz, Athayde Ribeiro Costa, Leandro Paulsen, João Pedro Gebran Neto, Victor Luiz dos Santos Laus, Mauricio Gotardo Gerum e, o chefe da máfia, Sérgio Fernando Moro.

É verdade que a Justiça demorou – e muito! – para atuar, mas felizmente ela recuperou sua dignidade. E hoje estamos aqui, com marcas e cicatrizes de anos de lutas que não sairão nunca mais. Mas ao olharmos para elas, igualmente teremos orgulho de termos lutado do lado certo, enfrentado o sistema que tentou destruir o país e nos eliminar. Olhamos para essas feridas cicatrizadas e lembraremos de tudo que sofremos, das ameaças, e ao mesmo tempo, nos orgulhamos de não termos caído no canto da sereia vendido pela mídia corporativa que ajudou a destruir o Brasil.

Hoje, tenho a certeza de que fizemos o certo ao não acreditar nestes falsos profetas da moralidade. E como disse Nelson Rodrigues, atrás de todo paladino da moral, vive um canalha. Hoje dormimos tranquilos e, para aqueles que foram manipulados e que nos perseguiram, aguardamos os pedidos de desculpas.

*Professor, biólogo, doutor em Etologia, mestre em Ciências e especialista em Bioecologia e Conservação. Autor do blog e do canal no Youtube “Biólogo Socialista” e do podcast “PadullaCast”. Autor do livro “Um irritante necessário”.

Instagram: @BiologoSocialista.

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