Até quando?

Por Luiz Fernando Leal Padulla*

O título deste singelo artigo reflete a sensação de todos aqueles que se levantam contra o holocausto palestino, iniciado no século passado, e potencializado a partir do contra-ataque da resistência palestina em 7 de outubro de 2023 perante toda opressão e tentativas de limpeza étnica contra a Palestina.

Passados 8 meses, nada de concreto foi feito para parar a máquina de extermínio do estado racista, supremacista e assassino de “israel”. Cartas de repúdio não são eficazes, resoluções da ONU, submissa aos vetos do gêmeo siamês estadunidense de “israel” são desrespeitadas, tornando-a inócua. Nem mesmo o Tribunal Penal Internacional de Haia faz cócegas aos atos do regime nazi-sionista.

São 79.000 toneladas de explosivos usadas por “israel” contra a Palestina, o que supera a quantidade das bombas utilizadas em Hiroshima e Nagasaki.

São mais de 36.800 palestinos assassinados, dentre eles mais de 15.600 crianças e 10.300 mulheres, 498 profissionais da saúde, 70 membros da defesa civil e 147 jornalistas. Hospitais destruídos (o pouco que resta, funciona de forma calamitosa e com falta de recursos) e mais de 55% de toda infraestrutura de Gaza não existe mais.

Hoje, mais uma massacre do exército de “israel” em Gaza, no campo de refugiados de Nuseirat, assassinando mais de 150 palestinos (e como sempre, em sua maioria crianças e mulheres). Na mesma semana em que os nazi-sionistas bombardearam uma escola da Agência para Refugiados da ONU (UNRWA), local que deveria ser seguro para os civis, mas que ceifou mais de 40 vidas.

Soma-se a esse massacre outros tantos desde o início do genocídio: lembremos dos “corredores seguros” abertos para que palestinos fugissem para o sul, quando os mesmos foram bombardeados por helicópteros de “israel”; ou ainda o “massacre da farinha”, quando centenas de famintos se aglomeravam ao redor dos caminhões que levavam comida e foram igualmente assassinados por bombas. E agora, milhões de civis que foram encurralados ao sul, em Rafah, novamente são submetidos aos bloqueios de ajuda humanitária e bombardeios insanos e desumanos. Ao todo, já são mais de 3.200 massacres registrados contra a população palestina.

Ainda que o mundo se movimente em manifestações gigantescas em defesa da libertação da Palestina, seu reconhecimento enquanto Estado e exigindo o cessar-fogo, nada disso parece adiantar.

Enquanto a força imperialista dos Estados Unidos prevalecer junto de seus aliados europeus que definham com o regime capitalista, mas seguem abastecendo o regime nazi-sionista de “israel”, a Palestina não terá paz (assim como inúmeros outros povos que sofrem sob suas garras).

Mas o que pode ser feito? Vislumbro duas possibilidades concretas. É urgente que outras nações com representação e papel político relevante se posicionem de forma concreta, principalmente com sanções financeiras ao estado pária de “israel”. Uma outra alternativa seria o apoio armamentista e militar, o que seria de interesse do império para tentar manter sua hegemonia combalida perante a ascensão do mundo multipolar e a escalada de um conflito sem precedentes.

A revolta que nos toma desperta desejos insanos, mas que são legítimos: o ódio crescente aos Estados Unidos e seus aliados, o desejo de que sofram tanto quanto fizeram e fazem sofrer tantos povos oprimidos por sua ganância e prepotência. Gostamos destes sentimentos? Não. Mas cansamos de gritar em vão sem que sejamos ouvidos e o extermínio palestino acabe. Sinceramente, apenas um derrota final da hegemonia estadunidense poderá permitir isso. E por vias pacifistas não vemos alternativa. Como sempre, o “tio Sam” planta, cultiva e colherá o ódio contra sua existência. E que não venham passar de vítimas depois…

*Professor, biólogo, doutor em Etologia, mestre em Ciências e especialista em Bioecologia e Conservação. Autor do blog e da página no Youtube “Biólogo Socialista”, do podcast “PadullaCast” e do livro “Um irritante necessário”. Instagram: @BiologoSocialista

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