*Por Luiz Fernando Leal Padulla
Lendo alguns comentários preconceituosos e maldosos – dos quais eu mesmo já fui vítima –, e assistindo a repercussão que os mesmos causam na sociedade, é fácil perceber como o imediatismo das redes sociais é um perigo.
(Estava pensando nesse post para falar sobre os comentários desumanos contra dona Marisa Letícia – incluindo médicos (sic) e procurador de justiça (sic) – e quando estava escrevendo, eis que repercutem novos comentários absurdos sobre a briga e a morte de um torcedor antes do clássico Botafogo x Flamengo).

Uma ferramenta que teria tudo para nos ajudar, facilitando nossa comunicação, mas que, sendo mal aproveitada, transforma-se em uma arma perigosa e até mesmo letal. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é atualmente a terceira causa de mais mortes durante a adolescência, e muitas dessas causadas por bulling e assédio nas redes sociais.
Como sempre alerto meus alunos, “tenham cuidado com aquilo que postam e comentam, pois como diz o ditado, a palavra falada – e no caso escrita – e a pedra lançada, não voltam”.
E é justamente pelo calor das notícias, que tomam-se atitudes que mais tarde podem gerar arrependimento. No entanto, por mais que tais postagens sejam excluídas, os “prints” perpetuam-nas. E, claro, pesam contra quem as publicou.
Mas não é apenas isso que me chama a atenção. O ímpeto de comentar e destilar o ódio a todo instante, para que se aproveite o momento, é tão rápido quanto a velocidade com que algumas atitudes somem e são esquecidas.
Não vou nem citar aqui os movimentos “contra a corrupção” que tomaram às ruas para destituir a presidenta legítima que não cometeu crime algum – nesse caso, alguns já reconheceram que foram enganados e estão quietos por vergonha.
Falo de fatos recentes que caíram no marasmo, mas que no momento dos acontecimentos, dominaram as redes sociais. Afinal, quem (isso mesmo, QUEM!) matou Eduardo Campos e Teori Zavascky? E aquele helicóptero com meia tonelada de cocaína, envolvendo o nome de um senador? O mesmo senador que estava sendo denunciado pelo policial civil Lucas Arcanjo, que apareceu morto (“suicidado”?). Quem realmente o matou?
Toda a revolta e teorias sobre essas mortes ficarão apenas nas timelines? As pessoas que mostraram pesar, de repente se esqueceram de tudo? Amnésia coletiva?
Percebam que não é questão de defender político ou partido. O problema é muito maior que isso. Enquanto a sociedade se polariza, induzida pela disputa partidária, vemos o caos tomando conta do país e os verdadeiros corruptos tomando o poder de assalto à nação.
Ficaremos assistindo, postando hastags e cuspindo barbaridades através de um teclado, ou tomaremos às ruas e expulsaremos os bandidos do poder?
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação