*Por Luiz Fernando Leal Padulla
O dia de hoje é marcado pela celebração internacional dos animais. A data escolhida faz referência a São Francisco de Assis, religioso protetor da natureza e dos animais.
Por mais que seja uma data simbólica, será que há realmente motivo para celebrarmos?
Seria correto celebrarmos ao mesmo instante que somos cúmplices e coniventes de barbáries como os zoológicos? Celebrar o encarceramento e as condições inóspitas de seres trancafiados em suas jaulas, longe de seu habitat e condições naturais?
Há motivo para celebrar o nascimento de novos filhotes, sabendo que os mesmos serão tirados de sua família e trocados (ou até mesmo vendidos!) por outros animais, como meros objetos?
Será que devemos celebrar o aprisionamento de pássaros em suas minúsculas gaiolas, apenas para nos conformar com sua beleza e seu canto de socorro? E os peixes de nossos aquários egoístas, restringindo o bailado de suas nadadeiras que imploram por uma saída que jamais existirá?
É motivo de comemoração os milhares de cães e gatos, negligenciados por aqueles que deveriam ser seus guardiões, e que sucumbem de fome, frio e doenças pelas ruas?
(Poderia até mesmo citar os abatedouros e as milhares de vidas ceifadas nesses lugares, mas deixaremos para outra oportunidade).
E se mesmo assim celebramos, será que lembraremos dos animais com a mesma atenção que deveríamos lembrar todos os demais dias do ano?
Definitivamente, o dia de hoje não merece comemoração. O melhor seria o dia da conscientização, pois só assim para mudarmos velhos e ultrapassados costumes que nossa sociedade ainda carrega, ignorando que para nossa satisfação, estamos causando a degradação da vida de outros.
Enquanto nós, humanos, nos acharmos donos de tudo e de todos, a ponto de aprisionarmos e causarmos o sofrimento desses seres inocentes, nenhuma comemoração é digna.
Que no dia de hoje, e nos subsequentes, reflitamos e sejamos voz ativa na luta por cada uma dessas vidas que ainda sucumbem pela ganância e prepotência do animal que se julga racional.
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação
Oração de São Francisco de Assis
Senhor faça-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado;
Compreender que ser compreendido,
Amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se nasce para a vida eterna…