*Por Luiz Fernando Leal Padulla
Como acreditar em partidos, políticos e algumas entidades que apoiam um falso impeachment? Tagarelam aos quatro ventos para que suas maritacas reproduzam as mesmas retóricas: “impeachment é previsto na Constituição”. De fato o é, mas desde que seja cometido um crime de responsabilidade. E não é isso que se vê. O nome para o que querem fazer com a presidenta Dilma é golpe parlamentar, subsidiado pelo PSDB, que não aceitou nova derrota nas urnas desde então, e tenta, a base do “tapetão”, voltar ao poder a qualquer custo – o que inclui o cortejo ao PMDB.
Além disso, a abertura do processo por parte de Eduardo Cunha só se deu por conta de retaliação em virtude das investigações que chegaram até ele e não foram engavetadas pelo governo Dilma. Como crer que isso é algo legítimo e constitucional? Ainda mais quando ameaçou tomar essa atitude.
Paralelamente, Cunha fez isso porque sabe que têm muitos partidos e políticos em suas mãos, graças à distribuição de verbas para seus “apadrinhados”, como já comprovado por autoridades da Suíça e que agora compete ao STF a decisão (por que a demora?). E, mesmo sendo réu em casos de corrupção, segue presidente da Câmara, tocando às pressas o rito do impeachment. O motivo da pressa? O quanto antes conseguir, maiores as chances de que escape da cassação e mantenha o foro privilegiado, pois este já é o acordo com Michel Temer.
Desanimando de vez, vemos um Judiciário e o Ministério Público, no mínimo, suspeitos. Procuradores que olham apenas para um lado, ignoram fatos quando envolvem a oposição e tentam apenas criminalizar um partido. Como acreditar na seriedade e comprometimento de Gilmar Mendes, Rodrigo Janot e tantos outros, que a cada dia mais se revelam coniventes com o golpe? Tentam encontrar crimes e ignoram fatos – quantas delações, por exemplo, serão necessárias para que Janot abra investigação sobre Aécio Neves? Sete não seriam suficientes?
Outro aspecto que muitos não percebem, é que essa tentativa é também a maneira prática para que as investigações contra a oposição cessem. E com isso, os “moralistas sem moral” escapem de punições por atos de corrupção. O “listão da Odebrecht” é a prova disso. Coincidentemente, quando tornou-se público, foi pedido o sigilo do mesmo. Vale lembrar que mais de 200 políticos estariam envolvidos, e o nome de Dilma não aparece nenhuma vez.
E a “voz das ruas”, diriam os pró-golpe? Devem sim ser ouvidas, mas não é motivo para a ruptura democrática. Muito menos quando são ditas por pessoas manipuladas e induzidas por argumentos mentirosos.
Ou aprendemos a viver em uma democracia, respeitando as urnas, ou seremos eternamente manipulados por interesses pessoais que colocam a própria soberania nacional em risco. Isso seria um enorme e perigoso retrocesso que desencadearia cenas perigosas e lamentáveis em um próximo capítulo.
Não sejamos mais manipulados e induzidos aos mesmos erros de um passado triste e recente. Quem hoje apoia esse falso impeachment, tem seus interesses, mesmo não admitindo. Em se consumando o golpe – espero que não! – veremos as mesmas figuras ocupando cargos e posições estratégicas, dando continuidade ao círculo vicioso de propinas e corrupção, prejudicando a classe trabalhadora e entregando nossas riquezas aos domínios estrangeiros.
É isso que desejamos? Eu não. Por isso, dia 31 irei novamente às ruas defender o Brasil e nossa democracia!
*Biólogo, Professor, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências