*Por Luiz Fernando Leal Padulla
Como disse em um artigo anterior, o PSDB sempre dá jeito de conseguir o que quer – principalmente escondendo suas artimanhas. A Justiça proibiu a tal reorganização escolar, mas o que nosso ilustríssimo governador fez? Canetou uma resolução que permite elevar em 10% o número de alunos das salas de aula – assim, por exemplo, uma sala de Ensino Médio com 40 alunos, terá 44.

(Faço o convite para nosso governador e seu secretariado lambe-botas, lecionarem nessas salas, sob as mesmas condições dos verdadeiros educadores. Estão convidados!)
Desde o dia 04 de janeiro, quando o ex-secretário Herman Voorwald foi demitido (outros falam que pediu demissão), a pasta estava vaga. No último dia 22, Geraldo “Cantareira” Alckmin (PSDB) anuncia o novo secretário: José Renato Nalini, um desembargador e professor universitário. Mais uma vez, uma pessoa sem preparo para ocupar esse cargo – até o ano passado era presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Estamos cansados de teóricos sem nenhuma vivência e prática em escola pública – eu mesmo desisti do Estado por ter sido cobrado por “dar aula” aos alunos. Como educador de categoria “O” (ou seja, sem direito a praticamente nada!), sempre fui disposto a auxiliar na educação de alunos do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental – muitas vezes, saía de uma escola, caminhava por 40 minutos sem almoço para chegar à tempo. Desenvolvia atividades lúdicas, jogos e brincadeiras, mas quase sempre era surpreendido por esses mesmos alunos que solicitavam que eu lhes ensinasse “continhas”. Como educador, jamais me recusaria a um pedido desses. Eis que um dia, um desses burocratas, tal como nosso novo secretário, que vive atrás de uma mesa assinando papéis e elaborando leis mirabolantes, resolveu vistoriar a escola e achou ruim minha “postura”, pois deveria desenvolver apenas “jogos de oficinas” com as crianças e não ensinar. Isso para mim foi o cúmulo. Cumpri meu contrato até o final do ano e solicitei dispensa.
Nalini ficou famoso pela defesa que fez, publicamente, do “bolsa-auxílio para magistrados”, alegando que nem sempre podem ir a Miami comprar seus ternos. Parece piada! Mas a entrevista à TV Cultura é real e (ainda) está disponível no Youtube. Além disso, foi favorável à aprovação de R$ 1 bilhão em “auxílio-moradia” para seus juízes, mesmo que esses já tivessem casa. Como acreditar que um sujeito desses irá melhorar a educação? Será que os professores da rede pública serão defendidos com o mesmo ímpeto e com os mesmos auxílios?
Enquanto aguardamos (de preferência sentados para não cansarmos), nosso governador segue lotando as salas de aula e fazendo suas artimanhas. Apesar de proibido pela Justiça, a Apeoesp denuncia que já está em prática uma “reorganização disfarçada”, com o fechamento de turmas no ensino fundamental, obrigando alunos a se matricularem em escolas municipais, assim como o ensino médio – principalmente do período noturno.
Acho que sou obrigado a concordar com o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB) e o estadual Cauê Macris (PSDB), que apoiam incondicionalmente o governador e as falácias tucanas, quando estiveram engajados na construção do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística (IC) em Americana. Melhor mesmo investir no IML e IC, pois dificultando o acesso dos jovens à escola de qualidade, teremos novos indivíduos para lotar essas dependências. Infelizmente…
*Biólogo e professor, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências